sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Sedutor clássico do horror mundial gótico.

Aconteceu em 1897. O Irlandês Bram Stoker (1847-1912) foi duramente criticado pela imprensa e seu nome foi tachado de listas de convidados por causa de um livro repudiado pela sociedade da época. Assim nasceu Drácula, o romance vampiresco mais famoso de todos os tempos, mas que na época de sua publicação não foi considerado adequado e de início levou inúmeros NÃOS de editoras pelo excesso de elementos sobrenaturais no enredo, pela repugnância do tema e choques à realidade, muito fortes para as pessoas lerem por prazer. Mas certamente Drácula NÃO foi a primeira história de horror sobre o tema a ser contada (embora muitos insistam em dizer ao contrário "Santa ignorância!!"), sendo essas outras a fonte de inspiração de Stoker para criar o seu ser macabro. Como por exemplo a sombria saga de Frankenstein, de Mary Shelley de 1816, O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson de 1886, mas falando de vampiro há o conto gótico Carmila, a vampira de Karnstein, composta por Joseph Sheridan Le Fanu entre 1871 e 1872, que retratando na personagem-heroína Laura, os limites da sanidade humana a ser atormentada pela sedutora Carmilla, a primeira vampira da literatura a ser considerada lésbica, mas que no entanto, Le Fanu deixa claro as justificativas dos desejos secretos de Carmilla por Laura e outro a servir de inspiração vampírica também foi o conto O Vampiro, de John Pollidori, que retrata o vampiro como o verdadeiro protagonista, um ser elegante e extremamente poderoso e cruel que cativa as pessoas de sua cidade com seu encanto sobrenatural, mas que logo levanta suspeitas e por outra criatura vem a ser confrontada (devo admitir que esse conto consegue me tirar o fôlego!).
Mas voltando ao assunto Dráculiano. Após a superação da critica, a publicação do livro e o escandalo reduzido, Bram Stoker era constantemente questionado sobre as origens de seu perturbador Conde Vampiro e ele sempre arrepiava os curiosos descrevendo um pesadelo provocado por uma exagerada porção de salada de caranguejo e no meio desse pesadelo, ele teria visualizado o ser se levantando de sua sepultura enferrujada e empoeirada, nos porões de um castelo, sedento por sangue, pronto para mais uma diversão noturna à procurar por suculentos pescoços de donzelas indefessas e crianças acordadas depois da hora nas geladas ruas da Transilvânia, no centro da Romênia. Mas ninguém em seu círculo de amigos acreditava nessa história, mas Stoker a manteve até o fim, acrescentando aqui ou ali algum detalhe para deixar a história que virou lenda ainda mais macabra. 
No entanto, todos sabemos que Drácula não foi inteiramente criado a partir de um sonho, pode ter sido isso no início? Claro! Mas para criar um dos personagens mais complexos da literatura, Stoker usou de muito mais do que as imagens de um pesadelo e lendo e estudando o gênero e a mitologia vampiresca, Stoker assemelhou ficção e realidade a sua pequena obcessão pelo príncipe da Valaquia, o famoso empalador Vlad Tapes III (1431-1476), o sanguinário, um governante cruel e sádico, mas um valoroso guerreiro contra os turcos, chegando a empalar mais de 20 mil deles de uma única vez; era maníaco por ver sangue e por destruir seus inimigos e foi treinado em uma escola de magia negra - Scholomance - a escola do Diabo, nas montanhas Cárpatos, na Transilvania e foi com o aspécto frio e imortalmente monstruoso de Vlad, que Stoker criou a personalidade cruel do vampiro e também porque Vlad tinha o costume de fazer suas refeições ouvindo os gritos de suas vitmas sendo torturadas e ele bebia o sangue deles ao invés de vinho em uma caveira humana, o que deu a luz ao apelido de O Vampiro ao sanguinário príncipe.
Mas falando um pouquinho da trama em si criada por Stoker, a história não é contada em um ritmo muito comum, Stoker queria inovar no gênero, pois livros comuns sobre o tema já existiam, mas ele precisava criar algo capaz de chamar a atenção, se destacando dos outros, pois então, Drácula não tem uma narrativa em 3° pessoa, como a maioria dos outros livros e também não tem somente um narrador, sendo o livro narrado atravéz de cartas passadas e respondidas por seus remetentes, notícias de jornais, colunas e também extensos e detalhados relatos de diários. tendo muitos personágens narrando a trama, isso traz ao leitor uma sensação de poder, de espectador, pois a cada capitulo voce recebe uma nova informação e detalhe que outro personagem não sabe e sabendo de tudo voce acompanha os personagens que não sabem de nada até o suspiro do juizo final arrebatador. Mas enfim, já é hora de conhecer um pouquinho a história, então aqui deixo um resumão de tudo, para depois retomar com a resenha:
A história começa com a chegada do vendedor de imóveis Jonathan Harker a um castelo em uma área remota da Transilvania, nas montanhas Cárpatos, cercada de árvores e bestas selvagens. Ele foi até lá a pedido do próprio conde Drácula para acertar-lhe termos de compromisso e contratos para adquirir terras inglesas nos arredores de Londres.
Jonathan começa logo a perceber que existe algo de errado em seu anfitrião hospitaleiro - alo realmente assustador - quando fala de sua esposa morta vê lágrimas vermelhas nos olhos dele e estes chagam a brilhar quando Jonathan cita sua noiva com quem vai se casar e se espanta com a reação do conde ao mostrar-lhe um retrato desta, a partir dai Jonathan percebe que seu Conde não está com ele durante o dia, ele nunca sai de seus aposentos antes do sol se por, percebe que não há sangue correndo em suas veias e drácula é extremamente frio, e em um sonho, Jonathan adormece em uma cama fora de seu quarto e é seduzido por três belas jovens que possuem dentes pontiagudos, mas que são repreendidas pelo conde e este dá a elas um bebe recem nascido para se alimentárem de seu sangue. Harker percebe então que não pode sair do castelo e que lá ele é um prisioneiro do conde que após te-lo preso, viaja até a Inglaterra, deixando para trás um rastro de medo, sangue e alerta para todos. E enquanto isso Jonathan é deixado sob a guarda das três vampiras que se alimentam de seu sangue humano para impedi-lo de fugir, mas mesmo assim ele consegue escapar e, apesar de bastante debilitado, encontra um convento, onde pede que envie a sua noiva uma carta, pedindo para ela se encontrar com ele ali, para juntos se casarem.
Já na Ingleterra, a melhor amiga de Mina (noiva de Jonathan), Lucy, uma bela jovem, começa a apresentar estranhos sintomas: Uma enorme palidez e marcas em seu pescoço que jamais parecem cicatrizar. Seu noivo e amigos então convocam o honorável professor Abraham Van Helsing, um medico, filófofo metafísico, especializado em doenças ocultas, famoso por seus métodos nada ortodóxos e assim que a vê, Helsing supõe que a garota tenha sido vítima de um chamado nosferatu, ou vampiro, mas não revela isso de imediato com receio da reação de todos e a cada ataque, ele lhe faz uma transfusão de sangue. Mas em uma noite, Lucy e sua mãe são atacadas por um animal gigantesco e ambas morrem. Lucy, como fruto direto do ataque sanguinário e sua mãe vítima de um ataque cardíaco provocado pelo horror e pelo pânico.
Lucy é enterrada, mas sua cina não termina ai: ela levanta de seu túmulo durante as noites que se seguem e atrae criancinhas para suas garras, se alimentando do sangue delas, passando a ser vista constantemente, Lucy é relatada pelos jornais e pessoas como "A mulher de branco" e  Helsing, não tendo outra opção, revela suas conclusões ao noivo e amigos da moça. Eles então decidem colocar um fim naquela forma sombria de vida, pregando-lhe uma estaca com coração e cortando-lhe a cabeça - só assim ela descansaria em paz.
Pouco tempo depois, para surpresa deles, percebem que Drácula tinha agora uma nova vítima: Mina, que segundo a história é a reencarnação de Elisabeta, a noiva de Drácula em vida, que sob truque vingativo dos Turcos foi enganada e acreditando que seu principe estava morto, atirou-se da torre de seu castelo para o rio logo abaixo que passou a ser conhecido pelo rio da princesa, Drácula indignado recusa-se a morrer e durante quatro séculos procurou por sua amada, até que a encontra em face de Mina. Agora já regressada de Budapeste, com Harker, agora juntos na condição de marido e mulher. Porém, além de se alimentar de Mina, Drácula também dá a ela o seu sangue - ritual que os faz ficar ligados espiritualmente, uma espécie de matrimÔnio sombrio.
Mas Helsing compreende que, por meio da hipnose, é possível seguir os movimentos do vampiro, e assim, decididos a destruí-lo e a salvar mina, os homens perseguem o vampiro. Ele foge para o seu castelo, mas a moradia do conde é destruída pelos perseguidores antes que ele concretize seu objetivo e mesmo sabendo que fora a amante sombria do passado de Drácula, mina crava-lhe a estaca no peito e corta-lhe a cabeça, libertando a todos da maldição e do terror causado pelo monstro.

Mesmo com todo "sucesso" da época, o personágem só foi atingir a fama nos idos de 1920. E foi o cinema que fez Drácula atingir o grau de popularidade que tem hoje.
Em 1921, foi citado pela primeira vez no cinema, no filme húngaro "A Morte de Drácula", em que o personágem em si não aparecia - apenas seu nome. No ano seguinte, veio "Nosferatu" (que todo mundo pensa que foi a primeira citação de Drácula no cinema), clássico do expressionismo alemão que foi perseguido e tirado de circulação pela viúva e herdeira de Stoker, por adaptar a história sem permissão. Em 1931, foi feita a primeira adaptação cinematográfica autorizada, levando Bela Lugozi no papel de Drácula e, a partir daí, viveram uma secessão de títulos. Estimando-se, hoje que existam mais de 200 filmes em que Drácula apareça como personágem.
Mas minha adaptação preferida é a de 1992, dirigida por Francis Ford Coppola, trazendo o venerável Gary Oldman numa visão única e poética da saga do vampiro em busca do amor, trazendo a seguinte frase em seu bordão: "O amor nunca morre!".
Mas enfim, vou dar logo minhas rosas ao livro:
ROSAS PARA DRÁCULA, BRAM STOKER: 9 rosas vermelhas.
Até a próxima!









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