sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Rastros de pneu sangrentos

Cenário: Um subúrbio de classe média em Pittsburg, 1978. O adolescente Arnie Cunningham (17 anos) é um perdedor, estudioso e oprimido aluno do último ano do ginásio, sofre de "bulling" por ser magricelo, desajeitado e socialmente deslocado, com o rosto coberto de espinhas ele é obrigado a engolir apelidos como "Cara de pizza" entre outras ofensas e mesmo tendo Dennis Guilder (o chefe do time de futebol) como amigo, ele não escapa das maldosas brincadeiras de Buddy Repperton e seus comparsas que algumas vezes chegam a ser violentos. Mas a vida de Arnie estava prestes a mudar drasticamente, com a chegada de Christine, mas não esperem um romance em estilo Romeu e Julieta, pois no coração assombrado de Stephen King, Christine é um carro e não apenas um carro, é um Plymouth 1958, com uma alma feminina a lhe possuir, uma alma extremamente ciumenta e vingativa.
Christine foi a primeira obra de Stephen King que eu li em minha vida, um livro extremamente extenso com 549 páginas de puro horror e suspense, lembro-me do choque que foi a mim ler um livro de sua autoria pela primeira vez: Eu estava com exatamente 14 de idade e mu pai constantemente citava esse autor e principalmente esse romance, que vinha a ser seu preferido, pois então, pesquisando em livrarias encontrei exemplares extremamente caros e com receio de não gostar de seu conteúdo, pois nunca havia lido nada do autor, não me arrisquei por um tempo, até que fazendo uma visita a um sebo perto de casa eu o vi, em uma edição antiga da editora Francisco Alves que hoje em dia nem existe mais, aquele livro sugestivo chamou-me a atenção, com sua cor predominantemente azul e sua enorme caveira vermelha a me fitar, com o nome da coleção a me atrair: "Mestres do horror e da fantasia", folheei o livro inteiro, antes de decidir comprá-lo, no entanto estava com pouco dinheiro, um livro daquele tamanho deveria custar muito, pensei, mas me surpreendi ao descobrir que poderia levá-lo comigo por apenas R$10.00 e isso era muito mais conveniente do que pagar R$49.00 na livraria. Não demorei nada para ler, apesar do tamanho, e ao terminar minha leitura só pude dizer: "Stephen King é sensacional!".
Mas continuando o resumo que comecei anteriormente: Christine veio a Arnie por acaso, ele e seu amigo Dennis estavam a caminho da escola quando passaram por um estacionamento onde estava ela, completamente acabada e ultrapassada e foi amor a primeira vista. Arnie o comprou por um preço muito baixo e a partir dai passa a dedicar cada segundo de seu tempo livre a concertar o belo carro, com uma lataria vermelha e branca, Christine é sobrevivente de uma época em que a gasolina de alta octanagem custava vinte e cinco centavos o galão e os velocímetros eram calibrados para até cento e noventa quilômetros horários, uma época em que o rock 'n' roll dirigia a América, com todo o seu brutal poder, uma época em que a velocidade era rei. Mas então coisas estranhas começam a acontecer, a cada melhora em Christine, há uma melhora em Arnie e o garoto emerge das sombras, se tornando mais belo, as espinhas desaparecem e com elas sua timidez, mas isso acaba por trazer o ódio de seus antigos inimigos a ele e após tentarem destruir Christine por completo, um a um vai aparecendo morto nas sombrias e geladas ruas de Pittsburg, em destinos tortuosos e mortes horrendas, eis então que surge na trama a peça central do clímax: Leigh Cabot, a bela jovem que conquista o coração de Arnie, Dennis e a fúria de Christine.
Leigh então passa a ser a garota de Arnie e passa a sentir um desconforto tremendo toda vez que entra em Christine, mesmo sem poder explicar, até que o próprio carro tenta matá-la asfixiada e ela pode ver dos grandes olhos no painel de controle, sendo salva por pouco ela jura nunca mais entrar no carro e passa a investigar com Dennis tudo o que vem acontecendo, assemelhando uma coisa a outra e enfim chegam a uma conclusão: Christine esta viva!
A partir dai partem em uma guerra contra o tempo para salvar Arnie, o povo inocente da cidade que não gosta de Arnie e consequentemente a si próprios, atraindo Christine e todo o seu ódio para si mesmos e tentar destruí-la antes que seja tarde demais.
É simplesmente fantástico, como disse antes, não é um livro com o qual se possa esperar aprender, embora o rico conhecimento sobre automóveis possa ser guardado, mas é excepsionalmente um livro para se ser lido por diversão, por conter inúmeros palavrões e sexo explicito, além de cenas de puro horror e medo que mesmo aos corações mais gelados e incenciveis é capaz de arrepiar os cabelos da nuca sem que o leitor nem ao menos perceba o porque a linguagem literária de king é feita para este propósito. 
Mas bem, Christine teve uma adaptação holliwoodiana em 1983 pelas mãos de John Carpenter e de minha singela opinião, ficou muito fraca, adoro os filmes desse diretor, mas essa foi mais uma obra extensa que não soube ser bem aproveitada em um bom roteiro, mas vamos logo dar minhas rosas né?


LIVRO: 8 rosas vermelhas!
FILME: 6 rosas vermelhas!

Até a próxima! 


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