terça-feira, 5 de maio de 2015

Somos infinitos!

05 de maio de 2015
Queridos amigos,
Boa noite a todos. Espero que estejam bem. Eu estou quase chorando, ainda com o livro ao lado. Não deprimido. Extasiado! 
Eu jamais esquecerei As Vantagens de ser Invisível. É difícil, hoje em dia, eu me identificar tanto com um livro. Fazia muito tempo que não lia algo assim tão humano e sensível. Nessas narrativas, enfrentamos um monstro que todos conhecemos, mas que é único para cada um de nós. Sem bruxas, zumbis ou vampiros. Muito pior. Descobrimos aqui a adolescência!
Escrito pelo cineasta Stephen Chbosky, As Vantagens de ser Invisível entrou em minha vida por sua adaptação para o cinema em 2012 (escrita e dirigida pelo próprio autor), uma época difícil em minha vida; eu estava deprimido, em um relacionamento desastroso em que eu me sentia preso e não podia ser eu mesmo. Pensava na morte e chorava o tempo todo. Não encontrava meu lugar no mundo e tudo o que eu mais queria era sumir. 
Assisti ao filme sem saber do que se tratava, atraído pelo elenco de atores que eu gostava, mal sabia que ao final do filme eu teria uma crise existencial, cairia no choro por horas e horas e não por querer sumir, mas por estar feliz pela primeira vez em meses; eu ria e chorava ao mesmo tempo e ninguém entendia o que se passava, mas eu sim e não saberia explicar a ninguém. Nem sei o porquê de eu estar dizendo isso, mas vamos continuar.
Não sabia que existia o livro e não comprei o filme (ainda não sei por que), mas fiquei pensando muito nele e o indicava sempre que podia. Queria que todos assistissem, mas ninguém se interessava e isso me torturava. Não conhecia ninguém que o tivesse assistido para poder conversar (francamente, eu não tinha nenhum amigo na época). Céus como isso me perturbava! Assistia ao filme de vez em quando pela internet e sempre chorava no final. Inevitável.
Então descobri o livro, não o li por receio (acho), não o comprei, não o pegava pra folhear na livraria, mas ele sempre estava lá, me encarando e dizendo: "Na melhor hora, Igor, na melhor hora".
E foi quando as coisas finalmente melhoraram, meu relacionamento desastroso teve um fim (!!FINALMENTE!!) e eu encontrei o verdadeiro amor da minha vida: Kizzy Ysatis. Nessa época também convenci minha irmã, Fernanda, a assistir o filme comigo e ela adorou. Não teve as choradeiras. Ela adorou como adora Harry Potter ou Jogos Vorazes, adorou como a um filme e só, mas, para minha surpresa, num piscar de olhos ela estava com o livro comprado e só não começou a ler de imediato porque ainda estava apaixonada e se aventurando em O Clube dos Imortais.
Lá estava o ele, junto com os outros. Tão perto... cheguei de mansinho, olhava a capa, folheava uma página ou outra e quando dei por mim já estava lendo, mas fui interrompido quando estava na metade da leitura. Nanda havia terminado de ler o Clube e queria ler esse, então cedi a ela.
Passou-se quase um ano até eu pegar As Vantagens de ser Invisível novamente, desta vez foi o exemplar do Kizzy, que também não havia lido, mas também adorava o filme. Retomei a leitura do início para relembrar. Mergulhei em suas páginas e em duas semanas pude sentir tudo. 
O livro é epistolado, conta por meio de cartas, a história de Charlie, o rapaz que as escreve. Charlie tem de quinze anos, acaba de ser inserido no ensino médio e se sente deslocado, deprimido, incapaz e sozinho após a morte de seu único amigo por suicídio e para sobreviver ele observa o mundo ao seu redor. Dessa forma percebe que não está sozinho, pois os invisíveis estão em toda parte e não são apenas calouros como ele. Ainda inseguro, Charlie arrisca se aproximar de um rapaz que parece legal, Patrick e, para sua surpresa, ele o acolhe logo de início como amigo. Desta forma ele conhece Sam, irmã adotiva de Patrick, garota mais velha por quem Charlie se apaixona logo de cara. Agora, seus novos e únicos amigos lhe apresentam o submundo dos deslocados que, ao contrário do que muitos pensam, é muito mais doido, complexo e divertido do que a maioria das tribos escolares. Um mundo de sexo, drogas e rock 'n' roll, onde tudo o que querem é encontrar a música certa que provoca o impulso perfeito para se sentirem infinitos.
Muitas passagens me faziam pensar, como a frase: "a gente aceita o amor que acha que merece", ou "acho que somos quem somos por várias razões. E talvez nunca conheçamos a maior parte delas" e também essa: "Me sinto infinito". Em momentos eu paralisava, ficava olhando as palavras sem lê-las, apenas pensando em como sou feliz agora e como eu era melancólico. Eu era como Charlie e como Charlie fui evoluindo aos poucos, experimentando, conhecendo as pessoas certas e me sentindo infinito, superando a mim mesmo e quebrando os grilhões de minha própria existência.
Acredito que todos deveriam ler este romance, filosofar sobre como a juventude é assustadora e divertida. Não tinha me dado conta disso de uma forma tão intensa antes de lê-lo.
Obrigado, Charlie!
* 9 rosas vermelhas, pois avalio o livro como um todo e apesar da história ser perfeita, houve erros gráficos e descuidos do autor em relação a suas referências. Fora isso, vale muito a pena. 
Com amor,
Igor