terça-feira, 7 de maio de 2013

Assombro e encanto de uma maneira totalmente crítica

Publicado inicialmente em 1937 pelo baiano Jorge Amado, Capitães da areia é um livro que realmente me impressionou, sendo que se trata de assuntos dos quais não leio com frequência e que não fazem parte do meu estilo, mas que mesmo assim, é um dos melhores romances clássicos brasileiros que eu já tive a felicidade de apreciar e compreender.
Capitães da areia foi considerado o romance mais influente de Jorge Amado, absolutamente o maior romance sobre a infância abandonada e que encantou e assombrou milhares de pessoas por todo o mundo, passando de geração em geração, permanecendo tão atual quanto na época em que foi escrito.
A crua, comovente e explicita história dos meninos pobres que moram num trapiche abandonado a beira do mar, mendigando e sobrevivendo de pequenos furtos e golpes, aterrorizando a cidade de Salvador, causou impacto, chocando as pessoas desde seu lançamento, quando a Policia do Estado Novo apreendeu e queimou em praça pública todos os exemplares do romance, assim como também outras obras do autor, tais como Cacau, Suor e O país do carnaval.
Jorge Amado não demonstrou piedade para com seus personagens neste livro, ele os retrata de tal forma capaz de fazer lágrimas saltarem dos olhos do leitor, o coração bater forte em cenas de suspense e perigo, arranca suspiros em cenas doces de puro romance juvenil e também nos faz cair o queixo em cenas de crueldade e assombro, como no momento em que nosso herói Pedro Bala estupra uma negrinha indefesa por pura necessidade sexual. Mas os personagens sempre demonstram grande vontade de seguir seu destino, melhorar na vida, são seres dotados de energia, inteligência e sentimento.
Do valente Pedro Bala, líder do grupo, com o rosto atravessado por um talho de navalha, ao religioso Pirulito, que reza todas as noites para perdoar seus pecados diários; Do sensato Professor, o único do grupo que sabe ler, ao sedutor e esperto Gato, aprendiz de cafetão. Cada um tem sua personalidade, seu modo de encarar o mundo, seus sonhos e medos.
Entre o mar e a cidade, batendo carteiras, roubando chapéus, joias e confiança de ricos ingênuos, descobrindo o amor das mulheres (e de outros homens), os Capitães da areia crescem e se tornam homens autênticos no decorrer do romance. Uns morrem de doença ou de tiro, um se suicida, um vira artista, o outro revolucionário, mas a maioria insiste na vida do crime, prostituindo mulheres, enganando coronéis e viajando de cidade em cidade.
O que mais me encantou neste livro, foi o modo como Jorge Amado nos torna íntimos de cada um dos personagens, nos fazendo sentir suas dores e isso eu admiro muito em um escritor, quando ele apenas não descreve a cena, mas ele mostra a cena, sendo dono de uma prosa repleta de humor e sarcasmo, nos contagiando com o modo simples de viver e de ver o mundo oculto a nossos olhos.
ROSAS PARA CAPITÃES DA AREIA: 8 rosas vermelhas.
Até a próxima!

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